PROVA WINE4PEOPLE – Relíquias por João Quintela no Restaurante Via Graça

by | Dez 21, 2018 | Reliquia, Vinho | 0 comments

Foi-nos proposto uma prova de vinhos antigos, relíquias trazidos pelo João Quintela, da Garrafeira Néctar das Avenidas, a realizar -se no Restaurante Via Graça, espaço inaugurado em 1988, cujo nome, deriva do celebre eléctrico 28 que percorria  a linha de Campo Ourique “via à Graça”, um dos ícones turísticos da cidade de Lisboa. 

João Quintela, homem muito experiente neste mundo dos vinhos, apesar de o próprio e pessoas muito próximas, acharem que ainda percebe mais de musica do que de vinho,  para prevenir alguns vinhos “imbebiveis”, trouxe um recital de 16 vinhos, sendo que estariam 10 em prova. 

Iniciou-se o jantar, com as entradas, das quais umas bolas de alheira muito suculentas, nos deixaram, imediatamente, um sorriso nos lábios. 

 

Para acompanharmos, iniciou – se então a prova cega de todos os vinhos em prova:

Vinhos Brancos:

Estes vinhos acompanham um prato de peixe realizado pelo Chefe João Bandeira, proprietário deste restaurante, o Via Graça, robalo á bulhão pato, em cama de puré, um prato onde se nota o prazer do molho á bulhão pato, a execução perfeita do peixe e a intensidade das ameijoas. Um prato que entusiasmou todos os presentes e em que os brancos fizeram uma harmonização perfeita.

1- Cor linda, clara, límpida , palha dourada, brilhante,” finesse”, boa acidez no aroma, ainda vivo, mel, flores. Na boca, vivo, elegante, terminando equilibrado. Revelou ser um vinho do ano de 1993 e com agradável surpresa , era um Porta da Ravessa. Bom inicio.

2 – Eis que vem um vinho, com cor mais carregada, palha mais acastanhada, menos acidez, tanto no aroma como na boca, mas igualmente agradável e ainda prazeiroso, era um Reguengos 1993.

3 – No aroma, couve cozida , a redução presente. Na boca, surpreendente, equilibrado, fresco, vivo.  Aos poucos vai desanuviando as notas de redução, fica bem prazeiroso, até voltar a descer na curva do prazer, mas valeu a pena. Era um Portalegre, ano imperceptível no rótulo.

Infelizmente, não conseguimos obter a imagem desta garrafa.

4 – Pela forma da garrafa, os provadores, lançam a escada para um soalheiro, e respectiva casta alvarinho. João Quintela sorri, sai um Chardonay do Douro 1986, incrivelmente prazeiroso, aroma ainda muito vivo, a cor  já com nuances acastanhadas, mas brilhante, fina, límpida, na boca corpo, prazer, juventude, o melhor dos 3, um vinho do ano de 1986. Fantástico.

Passemos agora aos Vinhos Tintos:

Eis que vem o prato de carne, nada mais nada menos que um bife Wellington: 

Para acompanhar este prato emblemático do Chefe Ramsay, desta vez realizado pelo Chefe João Bandeira:

1- Alentejano, nome e ano imperceptíveis no rótulo, ano de 1989, revela se morto, é desqualificado.

2 –  Não parece nada um vinho antigo, cor ainda algo ruby , intensidade aromática com fruta vermelha, na boca intenso, nota se perfeitamente a acidez, equilibrado, prazeiroso, penso ser um baga, dada a qualidade e idade – Serra de Aires 1982.

3 – Já demasiado evoluído, notas de oxidação demasiado presente, desagradável no aroma e paladar, ponho o de lado – Grão Vasco 1972.

4 – Cor granada, com aroma ligeiro a frutos do bosque, na boca, equilibrado, suave  e agradável – Dão Meia Encosta reserva 1979.

5 – João Quintela, tendo já provado algumas garrafas desta colheita, pede um copo de borgonha, mais largo. Depressa lhe damos razão ao compararmos nos dois copos diferentes.

Ligeiro adocicado no aroma, algum fruto seco, na boca, entusiasma pelo equilíbrio dos taninos, mas com ainda, alguma acidez, termina elegante e fino  – Monte Velho 1994.

6 – Bem presente ainda , aroma a fruta vermelha, algum fruto seco, suave, equilibrado, taninos ainda finos, termina elegante, ainda um belo vinho –  Bairrada Reserva 1988.

Para finalizar em Grande,

Licorosos:

1 – Cor palha amarela vibrante, no aroma grande salinidade, na boca acidez bem característica dum madeira, torna – se evidente para os provadores de que se trata de um vinho madeira, aponta-se dada a secura, ser um Sercial ou Verdelho, fácil de beber, mel, alguma flor, um bom vinho e equilibrado – Madeira Borges Verdelho 1993

2 – Neste vinho, não foi unânime, o facto de ser um madeira, alguma duvida surgiu em alguns, o poder ser um tawny velho. Sendo que as apostas finais apontavam para um madeira, as duvidas tinham razão de ser, era um tawny colheita de 1961, cor mais carregada, acastanhada, também salinidade no aroma, se bem que no paladar, mais doce, talvez menos acidez que o madeira, mostrou se aos poucos mais equilibrado e mais prazeiroso – Porto Tawny Krohn 1961.

NOTAS FINAIS: 

1) O restaurante Via Graça excedeu claramente as expectativas, no serviço , na excelência dos pratos servidos e na fabulosa vista, provavelmente a melhor de Lisboa, sendo um autêntico miradouro para, o Castelo São Jorge, o Bairro da Graça, a baixa Pombalina e o Cristo Rei.

2) Ambiente muito agradável no restaurante com cumplicidade entre clientes e staff, promovendo convívio e harmonia entre todos os presentes.

3)  A escolha de vinhos por parte de João Quintela, revelou se de grande sabedoria, harmonizando maravilhosamente com os pratos servidos e mostrando-nos que vinhos muito antigos, a maior parte até com preços muito reduzidos, podem no futuro dar bastante prazer a bebe-los e a revelar aromas  e sabores terciários não presentes em vinhos novos. E a paixão dos vinhos antigos a crescer…

4) Os vencedores para os wine4people serão o Chardonay 1986 nos brancos e o Serra de Aires 1982, vinhos que ainda vibrantes visualmente, no aroma e sabores se destacaram e melhor provocaram a harmonia entre os presentes.

5) Agradecimento muito sincero a João Quintela e esposa Paula, por nos terem proporcionado uma noite inolvidável de aumento da paixão pelos vinhos antigos, provar pratos que ficam na nossa memória e que não fazem esquecer o Chefe João Bandeira e o Restaurante Via Graça.

wine4people, 14 de Dezembro de 2018

 

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