Poço do Lobo Arinto 1994
Correndo o boato que o gigante Sogrape acabava de comprar as Caves de São João, senti um friozinho na espinha... durante anos e anos estive para me abastecer faustosamente nas CSJ, mas fui sempre deixando para trás: “os vinhos estão tão bem guardados lá, assim que...
Chitas Reserva Velho 1992
Comprei esta garrafa numa oportunidade inesperada, no Algarve, no último Verão. Numa loja de souvenirs, com uma secção de “garrafeira”. Junto com ela, estavam uma série de outros vinhos velhos, clássicos, guardados em pé, num espaço não climatizado... no calor do...
D’Avillez Garrafeira 1995
A última de 3 botelhas que comprei na Garrafeira Louro, em Évora - este local para mim é garantia de que o vinho foi guardado nas melhores condições para envelhecer bem.Nada de errado com a abertura, vamos à prova! A cor é granada com laivos atijolados. Bem intensa,...
Quinta de Foz de Arouce – Vinhas de Santa Maria 2001
Garrafa comprada recentemente (a um preço bem honesto) na Garrafeira Louro do meu amigo João Passos, em Évora, onde repousou todos estes anos na sua cave climatizada, que cumpre todos os requisitos para um envelhecimento ideal dos vinhos. Com efeito, a garrafa...
Bical Passa 2005
O restaurante PipaRoza, em Évora, é uma caixa de surpresas no que a vinhos diz respeito. Sendo cliente habitual, os empregados já sabem que gosto de experimentar coisas novas, pelo que me desafiam sempre que abrem algo interessante (o que acontece com alguma...
Quinta das Bágeiras Grande Reserva 1999
Sou um grande fã destes espumantes antigos das Bágeiras. Lembro-me com enorme prazer (e saudade!) de néctares como o Grande Reserva de 2002 ou as Velhas Reservas de 1993 (!!!) e de 2001, este último apenas em garrafas “pequenas” de 3 litros: sim, pequenas, porque...
O Cantinho das Relíquias
Vivemos actualmente um momento único no panorama vínico português.
Nos anos 1990-2000 testemunhámos um autêntico “boom” nos vinhos de mesa, um pouco por todo o país, em quantidade mas também em qualidade. Esta aposta na qualidade levou à criação de verdadeiros ícones, grandes vinhos, que saíam e saem para o mercado com preços a condizer.
Ora, para muitos apreciadores um vinho de topo para ser mesmo um grande vinho tem que saber envelhecer bem. Eu sou um dos que partilha desta opinião.
No momento único que vivemos temos a possibilidade de provar estes vinhos com 10, 15 ou 20 anos de idade. Nunca no panorama vínico nacional tivemos à disposição uma paleta tão variada de bons vinhos com respeitosa idade: um privilégio! Mas com privilégios, vêm responsabilidades. Na wine4people acreditamos que temos a responsabilidade de perpetuar no tempo cada pedaço de história que se destapa com o saltar de uma rolha.
Na prova W4P de relíquias de Março de 2018, que serviu talvez como ante-câmara para a criação deste espaço, escrevemos o seguinte:
“A única regra que havia para os vinhos da prova é que teriam que ter mais de 15 anos, ou seja, de 2003 para trás. Dentro deste amplo critério, os vinhos podiam ser considerados uma “relíquia” por inúmeras razões. Por terem uma idade particularmente avançada (como o Viúva Gomes, os brancos ou o Madeira), por serem uma primeira edição (como o Chryseia, o Pan ou o “T”), por terem alguma particularidade importante no nosso panorama vínico (como o Fojo), por serem vinhos estrangeiros já com alguma idade, que não se conseguem beber todos os dias (como o Dofí), por serem provenientes de regiões absolutamente de “nicho” (como o Boullosa e novamente o Viúva Gomes) ou até por serem vinhos antigos com rótulo que nos era completamente desconhecido, mas que o produtor teve a coragem e confiança para enviar para a nossa prova (como o Visconde). Ou então até poderia ser por outra razão qualquer…”
Portanto, não pretendemos ser demasiado rígidos nas nossas definições. Só há uma certeza: todas as relíquias serão muito especiais!
Os vinhos envelhecidos são capazes de nos proporcionar momentos de grande exaltação vínica, mas por vezes também grandes desilusões… Quais estão extraordinários? Quais os que ainda estão longe do ponto ideal de consumo? Quais são os que já entregaram a alma ao criador? Como está o Chryseia 2000? Ou o “T” da Terrugem de 1999? Se quisermos saber a resposta a estas questões, a informação disponível é bastante escassa. Existem fóruns de apreciadores e aplicações móveis que podem ajudar a responder a estas questões, mas muitas vezes o resultado é uma amálgama de opiniões de verdadeiros entendidos, apenas eno-curiosos e de pessoas que na realidade pouco ou nada percebem de vinho…
É aqui que entra a wine4people. Não somos profissionais, mas temos experiência na prova de vinhos, incluindo vinhos com idade. Procuraremos dar informação independente e relevante sobre os vinhos e responder a algumas questões importantes: devo pagar os 50€ que me pedem por este vinho com 15 anos? Guardo esta garrafa há 10 anos: devo esperar ou abrir já na próxima oportunidade para evitar uma grande desilusão? Devo decantar? A que temperatura devo servir? Que outros cuidados devo ter? São algumas dúvidas que tentaremos esclarecer.
Outra área com interesse para o Cantinho das Relíquias é a descoberta de grandes surpresas em termos de evolução de alguns vinhos “despretensiosos”, baratos, e que chegam aos dias de hoje em condições extraordinárias. Estou a lembrar-me, entre outros, de alguns Alvarinhos, ou de vinhos de Adegas Cooperativas, como os de Portalegre dos finais dos anos 90. Destes, também tentaremos dar conta.
A apreciação de vinhos com idade, principalmente os mais antigos, reveste-se de algumas particularidades e dificuldades. Uma delas é o facto de os vinhos “velhos”, brancos e tintos, oferecerem um universo de estilos, aromas e sabores completamente novo e distinto do dos vinhos novos. Uma crítica positiva a um vinho com idade pode ser mal interpretada por um consumidor que procure num vinho velho aquilo que encontra num vinho novo. Outra, talvez mais importante, é que neste mundo de vinhos já com muitos anos de vida existe um grande potencial para variação de garrafa para garrafa, dependendo essencialmente da sua proveniência e das condições de guarda ao longo dos anos. A garrafa que o consumidor abre em casa pode obviamente estar diferente (para melhor ou pior) do que aquela que apreciamos na wine4people. Mas, se isso lhe acontecer, diga! Fale connosco, deixe os seus comentários, que nós respondemos. Seguramente que só servirá para enriquecer a crítica a cada vinho e que irá beneficiar todos os visitantes do nosso site!
Contudo, consideramos que as dificuldades previamente expostas são incontornáveis, e portanto decidimos cerrar fileiras e seguir em frente, contra ventos e marés!
Por fim, uma palavra para os nossos fortificados. Se nos vinhos de mesa os portugueses têm competição difícil por esse mundo fora, nos fortificados os nossos vinhos são absolutamente inultrapassáveis em termos de qualidade e carácter! Porto (Tawny e Ruby), Madeira, Moscatel, Carcavelos… Estes também têm, então, um lugar especial no Cantinho das Relíquias.
Mas, entre os fortificados, gostaria de salientar o Porto Vintage. Trata-se de uma das classes mais nobres (se não a mais nobre) dentro do universo do vinho do Porto, uma das principais “culpadas” pelo prestígio que o vinho do Porto granjeia por esse mundo fora. Mas por cá, na minha opinião, não ocupa a posição que merece. E, embora seja mais fácil obter informação de provas de Vintages velhos do que de vinhos de mesa, esta encontra-se, essencialmente, em sites estrangeiros. Uma pena! O Cantinho das Relíquias não pretende ser um fórum de referência para Porto Vintage (isso, só por si, dá para fazer um site dedicado!). Mas há pouco falávamos de responsabilidade. E não há, no panorama vínico português, nenhum outro vinho para além do Porto Vintage em que a responsabilidade de “reportar” cada garrafa seja maior: o Porto Vintage *foi criado* para envelhecer! Cada garrafa de Vintage que se abre é um momento especial, mas efémero. Isto porque, ao contrário dos vinhos fortificados que envelhecem em casco, o Porto Vintage evolui na garrafa (passados 5 ou 10 anos, o vinho já não será bem o mesmo) e porque, dado o ambiente redutor em que evolui, o Vintage tem que ser consumido numa janela curta de tempo, no máximo alguns dias, dependendo das condições de guarda e da idade do vinho, ao contrário dos vinhos de casco, “oxidados”, em que a garrafa se pode manter aberta durante meses que não terá impacto significativo no vinho. Quantas vezes já aconteceu abrir uma garrafa de um (grande) Vintage para se perceber que afinal ainda está a atravessar a “fase parva” e que, tarde demais, se percebe que afinal se deveria ter esperado mais uns anos? Mais informação houvesse… A W4P cá estará para tentar ajudar!
O Cantinho das Relíquias
Poço do Lobo Arinto 1994
Correndo o boato que o gigante Sogrape acabava de comprar as Caves de São João, senti um friozinho na espinha... durante anos e anos estive para me abastecer faustosamente nas CSJ, mas fui sempre deixando para trás: “os vinhos estão tão bem guardados lá, assim que...
Chitas Reserva Velho 1992
Comprei esta garrafa numa oportunidade inesperada, no Algarve, no último Verão. Numa loja de souvenirs, com uma secção de “garrafeira”. Junto com ela, estavam uma série de outros vinhos velhos, clássicos, guardados em pé, num espaço não climatizado... no calor do...
D’Avillez Garrafeira 1995
A última de 3 botelhas que comprei na Garrafeira Louro, em Évora - este local para mim é garantia de que o vinho foi guardado nas melhores condições para envelhecer bem.Nada de errado com a abertura, vamos à prova! A cor é granada com laivos atijolados. Bem intensa,...
Quinta de Foz de Arouce – Vinhas de Santa Maria 2001
Garrafa comprada recentemente (a um preço bem honesto) na Garrafeira Louro do meu amigo João Passos, em Évora, onde repousou todos estes anos na sua cave climatizada, que cumpre todos os requisitos para um envelhecimento ideal dos vinhos. Com efeito, a garrafa...
Bical Passa 2005
O restaurante PipaRoza, em Évora, é uma caixa de surpresas no que a vinhos diz respeito. Sendo cliente habitual, os empregados já sabem que gosto de experimentar coisas novas, pelo que me desafiam sempre que abrem algo interessante (o que acontece com alguma...
Quinta das Bágeiras Grande Reserva 1999
Sou um grande fã destes espumantes antigos das Bágeiras. Lembro-me com enorme prazer (e saudade!) de néctares como o Grande Reserva de 2002 ou as Velhas Reservas de 1993 (!!!) e de 2001, este último apenas em garrafas “pequenas” de 3 litros: sim, pequenas, porque...
O Cantinho das Relíquias
Vivemos actualmente um momento único no panorama vínico português.
Nos anos 1990-2000 testemunhámos um autêntico “boom” nos vinhos de mesa, um pouco por todo o país, em quantidade mas também em qualidade. Esta aposta na qualidade levou à criação de verdadeiros ícones, grandes vinhos, que saíam e saem para o mercado com preços a condizer.
Ora, para muitos apreciadores um vinho de topo para ser mesmo um grande vinho tem que saber envelhecer bem. Eu sou um dos que partilha desta opinião.
No momento único que vivemos temos a possibilidade de provar estes vinhos com 10, 15 ou 20 anos de idade. Nunca no panorama vínico nacional tivemos à disposição uma paleta tão variada de bons vinhos com respeitosa idade: um privilégio! Mas com privilégios, vêm responsabilidades. Na wine4people acreditamos que temos a responsabilidade de perpetuar no tempo cada pedaço de história que se destapa com o saltar de uma rolha.
Na prova W4P de relíquias de Março de 2018, que serviu talvez como ante-câmara para a criação deste espaço, escrevemos o seguinte:
“A única regra que havia para os vinhos da prova é que teriam que ter mais de 15 anos, ou seja, de 2003 para trás. Dentro deste amplo critério, os vinhos podiam ser considerados uma “relíquia” por inúmeras razões. Por terem uma idade particularmente avançada (como o Viúva Gomes, os brancos ou o Madeira), por serem uma primeira edição (como o Chryseia, o Pan ou o “T”), por terem alguma particularidade importante no nosso panorama vínico (como o Fojo), por serem vinhos estrangeiros já com alguma idade, que não se conseguem beber todos os dias (como o Dofí), por serem provenientes de regiões absolutamente de “nicho” (como o Boullosa e novamente o Viúva Gomes) ou até por serem vinhos antigos com rótulo que nos era completamente desconhecido, mas que o produtor teve a coragem e confiança para enviar para a nossa prova (como o Visconde). Ou então até poderia ser por outra razão qualquer…”
Portanto, não pretendemos ser demasiado rígidos nas nossas definições. Só há uma certeza: todas as relíquias serão muito especiais!
Os vinhos envelhecidos são capazes de nos proporcionar momentos de grande exaltação vínica, mas por vezes também grandes desilusões… Quais estão extraordinários? Quais os que ainda estão longe do ponto ideal de consumo? Quais são os que já entregaram a alma ao criador? Como está o Chryseia 2000? Ou o “T” da Terrugem de 1999? Se quisermos saber a resposta a estas questões, a informação disponível é bastante escassa. Existem fóruns de apreciadores e aplicações móveis que podem ajudar a responder a estas questões, mas muitas vezes o resultado é uma amálgama de opiniões de verdadeiros entendidos, apenas eno-curiosos e de pessoas que na realidade pouco ou nada percebem de vinho…
É aqui que entra a wine4people. Não somos profissionais, mas temos experiência na prova de vinhos, incluindo vinhos com idade. Procuraremos dar informação independente e relevante sobre os vinhos e responder a algumas questões importantes: devo pagar os 50€ que me pedem por este vinho com 15 anos? Guardo esta garrafa há 10 anos: devo esperar ou abrir já na próxima oportunidade para evitar uma grande desilusão? Devo decantar? A que temperatura devo servir? Que outros cuidados devo ter? São algumas dúvidas que tentaremos esclarecer.
Outra área com interesse para o Cantinho das Relíquias é a descoberta de grandes surpresas em termos de evolução de alguns vinhos “despretensiosos”, baratos, e que chegam aos dias de hoje em condições extraordinárias. Estou a lembrar-me, entre outros, de alguns Alvarinhos, ou de vinhos de Adegas Cooperativas, como os de Portalegre dos finais dos anos 90. Destes, também tentaremos dar conta.
A apreciação de vinhos com idade, principalmente os mais antigos, reveste-se de algumas particularidades e dificuldades. Uma delas é o facto de os vinhos “velhos”, brancos e tintos, oferecerem um universo de estilos, aromas e sabores completamente novo e distinto do dos vinhos novos. Uma crítica positiva a um vinho com idade pode ser mal interpretada por um consumidor que procure num vinho velho aquilo que encontra num vinho novo. Outra, talvez mais importante, é que neste mundo de vinhos já com muitos anos de vida existe um grande potencial para variação de garrafa para garrafa, dependendo essencialmente da sua proveniência e das condições de guarda ao longo dos anos. A garrafa que o consumidor abre em casa pode obviamente estar diferente (para melhor ou pior) do que aquela que apreciamos na wine4people. Mas, se isso lhe acontecer, diga! Fale connosco, deixe os seus comentários, que nós respondemos. Seguramente que só servirá para enriquecer a crítica a cada vinho e que irá beneficiar todos os visitantes do nosso site!
Contudo, consideramos que as dificuldades previamente expostas são incontornáveis, e portanto decidimos cerrar fileiras e seguir em frente, contra ventos e marés!
Por fim, uma palavra para os nossos fortificados. Se nos vinhos de mesa os portugueses têm competição difícil por esse mundo fora, nos fortificados os nossos vinhos são absolutamente inultrapassáveis em termos de qualidade e carácter! Porto (Tawny e Ruby), Madeira, Moscatel, Carcavelos… Estes também têm, então, um lugar especial no Cantinho das Relíquias.
Mas, entre os fortificados, gostaria de salientar o Porto Vintage. Trata-se de uma das classes mais nobres (se não a mais nobre) dentro do universo do vinho do Porto, uma das principais “culpadas” pelo prestígio que o vinho do Porto granjeia por esse mundo fora. Mas por cá, na minha opinião, não ocupa a posição que merece. E, embora seja mais fácil obter informação de provas de Vintages velhos do que de vinhos de mesa, esta encontra-se, essencialmente, em sites estrangeiros. Uma pena! O Cantinho das Relíquias não pretende ser um fórum de referência para Porto Vintage (isso, só por si, dá para fazer um site dedicado!). Mas há pouco falávamos de responsabilidade. E não há, no panorama vínico português, nenhum outro vinho para além do Porto Vintage em que a responsabilidade de “reportar” cada garrafa seja maior: o Porto Vintage *foi criado* para envelhecer! Cada garrafa de Vintage que se abre é um momento especial, mas efémero. Isto porque, ao contrário dos vinhos fortificados que envelhecem em casco, o Porto Vintage evolui na garrafa (passados 5 ou 10 anos, o vinho já não será bem o mesmo) e porque, dado o ambiente redutor em que evolui, o Vintage tem que ser consumido numa janela curta de tempo, no máximo alguns dias, dependendo das condições de guarda e da idade do vinho, ao contrário dos vinhos de casco, “oxidados”, em que a garrafa se pode manter aberta durante meses que não terá impacto significativo no vinho. Quantas vezes já aconteceu abrir uma garrafa de um (grande) Vintage para se perceber que afinal ainda está a atravessar a “fase parva” e que, tarde demais, se percebe que afinal se deveria ter esperado mais uns anos? Mais informação houvesse… A W4P cá estará para tentar ajudar!