PROVA CEGA COM O PESSOAL DA QUINTA DA PELLADA
Uma ou duas vezes por ano ocorre uma prova cega com o pessoal da Quinta da Pellada. Cega para eles. Pois nós levamos os vinhos, e o Engº Álvaro é responsável pela comida. Por vezes (como desta vez) ocorre na casa do Engenheiro. Outras vezes, visitamos restaurantes que valem a pena, ali na região.
Já não me recordo qual foi o motivo que deu origem a estas provas (se é que houve algum), mas esta foi a 6ª edição. Naturalmente, tentamos levar vinhos pouco óbvios, ou menos conhecidos, ou excepcionalmente bons, ou susceptíveis de pregar rasteiras…
Para começar, avisei logo que tinha levado 2 brancos, uma água-pé, um tinto e um fortificado. Estavam para além de mim, o Eng. Álvaro de Castro, a Maria Castro, a Elisa Lobo e o jovem enólogo Tiago, há pouco tempo na casa.
O repasto consistia em espargos verdes como entrada, uma carne de vaca grelhada divinalmente tenra, e para terminar uma baba de camelo gelada, só ao alcance de grandes cozinheiro(a)s como a Margarida.
Vamos então, aos vinhos da prova:
- 221 ADEGA MÃE 2015
País: Portugal
Região: Lisboa/Melgaço
Produtor: Adega Mãe
Tipo: Branco
Casta: Alvarinho
Ano: 2015
Teor Alcoólico: 12,5% vol.
- 18 Valores
Já o descrevemos aqui no site. Um alvarinho muito fresco, pouco exuberante em termos de fruta/floral, ao contrário do que acontece em Monção/Melgaço. Muito agradável na boca. Um vinho quase consensual e de grande qualidade. Já explicámos antes, o porquê do nome do vinho, o facto de ser feito com um lote 50/50 % de Lisboa/Melgaço, etc, pelo que não nos vamos alongar agora muito com isso. A verdade é que ninguém descobriu ou pensou que era Alvarinho (é como se o lote de Lisboa se sobreposesse ao de Melgaço), todos gostaram muito do vinho, e eu revejo em alta a classificação anterior.
Preço: 23-25 euros
- PARCELA ÚNICA 2013
País: Portugal
Região: Vinhos Verdes
Produtor: Anselmo Mendes
Tipo: Vinho Verde
Casta: Alvarinho
Ano: 2013
Teor Alcoólico: 13% vol.
- 17,5 Valores
Ora, e seguimos com outro alvarinho (e do mesmo enólogo)… lá está… para ver a diferença!!… Curiosamente, pelo menos esta garrafa (que esteve sempre em cave, em meu poder), o vinho estava mais evoluído do que seria de esperar. Um aroma muito mais característico que o anterior, na boca mais encorpado e untuoso, e depois um final não tão agradável devido à referida oxidação. De qualquer forma, teve uma boa aceitação geral, e todos concordaram que era um bom vinho. Leiamos algumas palavras do próprio produtor acerca deste vinho: “ Proveniente de uma só parcela… que revela o que de mais puro e original tem a casta alvarinho. O perfil deste vinho é a apologia da elegância”.
Quando destapei as duas garrafas foi a surpresa geral: Ninguém tinha chegado lá: que eram 2 vinhos monocasta de alvarinho… Mal eles sabiam que hoje eram só vinhos monocasta…
Mas estávamos todos satisfeitos: a comida estava óptima, a companhia também, e os vinhos estavam a corresponder…
Preço: 28 euros
- GOUVYAS TOURIGA FÊMEA 2015
País: Portugal
Região: Douro
Produtor: Bago de Touriga
Tipo: Tinto
Casta: Touriga Fêmea
Ano: 2015
Teor Alcoólico: 13% vol.
- 16,5 Valores
E seguimos com a tal agua-pé que eu tinha prometido. A temperatura do vinho acho que estava no ponto. Também a nota de prova deste vinho já foi publicada no site, pelo que não me vou alongar muito na sua descrição. Foi talvez o vinho menos consensual. O Engenheiro até gostou da “brincadeira” pois gosta de vinhos leves… a Elisa não gostou muito, pois fez-lhe lembrar aqueles vinhos “palhetos” que os seus familiares faziam… O Tiago até gostou… Eu gostei menos que nas duas vezes anteriores. Mas foi agradável e uma boa experiência…
Preço: 14 euros
- JÚLIO BASTOS ALICANTE BOUSCHET 2007
País: Portugal
Região: Alentejo
Produtor: Júlio Bastos
Tipo: Tinto
Casta: Alicante Bouschet
Ano: 2007
Teor Alcoólico: 14% vol.
- 18 Valores
Bem, a cor e o aroma fazem muito bem antever o que vai acontecer na boca.
Um vinho intensíssimo, encorpado, cheio, saboroso, com algum veludo… e final prolongado. Está perfeito para consumir agora, e já não deve melhorar em garrafa. Nota-se alguma rusticidade no aroma e no sabor… Mas que, em minha opinião, em nada abona a seu desfavor. Mas o Engenheiro Álvaro de Castro não gosta deste tipo de vinhos… Eu já sabia disso. Não gosta destes vinhos “demasiado” intensos e daquele componente rústico. Todos os outros gostaram muito. Compreenderam bem a potência do vinho, e ao mesmo tempo o seu veludo… Foi naturalmente de propósito que eu trouxe estes 2 tintos, de forma a provármos de seguida os 2 extremos… A maioria dos vinhos que bebemos no dia a dia (e não só) estão exactamente no meio… Todos concordaram comigo, e acharam que foi uma experiência curiosa…
Preço: 78 euros
- BARBEITO MALVASIA 30 ANOS VÓ VERA
País: Portugal
Região: Madeira
Produtor: Barbeito
Tipo: Fortificado-Madeira
Casta: Malvasia
Teor Alcoólico: 20% vol.
- 19 Valores
Como diz o Engº Álvaro, eu costumo trazer um bom “rebuçado”. E de facto, este foi dos melhores, senão o melhor de sempre. O aroma é logo uma brutalidade: é só frescura, mar, iodo, alguma doçura… Ficaria horas a cheirar este vinho. Depois na boca é de uma elegância difícil de descrever… doce, mas não demasiado… Saboroso, com notas de especiarias, frutos secos, e sempre muita frescura, com uma acidez final praticamente perfeita. Todos nós deverímos beber este vinho… E mais que uma vez. Mas são só 612 garrafas. Um vinho de excepção em homenagem à avó de Ricardo Diogo Freitas. E o preço não é meigo, claro. Foi, consensualmente o melhor vinho da prova… Se tiver oportunidade de o obter não hesite!…
Preço: 250 euros
Paulo Fernando para Wine4People, Pinhanços 2018