Visita à Herdade da Maroteira
A Herdade da Maroteira, é uma propriedade agrícola pertencente a uma das famílias Anglo -portuguesas, estabelecidas na Região do Alentejo, há mais de cinco gerações. Localiza-se a 7,5 km do centro do Redondo e a 48 km da Fronteira. Fica paredes meias com o convento de São Paulo, alojamento local. Tem a serra de Óssea dum lado e o Redondo do outro.
A Herdade da Maroteira tem cerca de 540 hectares, para surpresa nossa a maior parte, 480 hectares, são de montado, sobro e azinho. Refira se que por curiosidade, 35% do montado mundial está em Portugal.
A herdade tem alojamento local, com 3 casas todas equipadas , uma piscina e não tendo restaurante, a herdade pode no entanto, providenciar refeições vindas de fora.
Possui também uma área para eventos , provas de vinho e capacidade de lugares sentados para eventos como casamentos.
Possui uma pequena área de olival, mas ainda não faz o seu próprio azeite, mandando a azeitona para a Herdade do Zambujeiro, onde fazem o seu azeite, mas com o rotulo do Zambujeiro.
Possui igualmente gado, como vacas e ovelhas.
Após cerca de duas horas de viagem, guiados pelo preciso GPS, somos recebidos pelo José Inverno, formado em arqueologia e também animador turístico, alentejano natural da Herdade do Freixo e que tem a seu cargo os passeios pela Herdade. Infelizmente, por razoes de acabamento da nova adega, Anthony Doody não nos pode receber, tendo ficado a promessa de posteriormente, podermos fazer nova visita, neste caso para conhecermos a nova Adega da Maroteira e podermos fazer a habitual entrevista com o parceiro, neste caso a Anthony Doody.
Os cães da família, a Migas, o Simbad e a Cabidela fazem a sua aparição guiados certamente pela curiosidade canina.
José Inverno, com a sua simpatia natural, oferece nos um café, que após a viagem nos soube que nem ginjas…
Passamos então ao passeio de jipe guiado pela herdade, simpaticamente comentada por José Inverno.
Explica nos que existem na herdade 5 secções de sobreiros, cada um com uma extracção diferente sendo que nesta existem sobreiros de 150 a 300 anos, extraordinário.
Há 3 tipos de cortiça, a boa, a virgem 10 vezes mais valiosa e os bocados. São cerca de 40 toneladas, a quantidade de cortiça por ano na herdade.
Confirmamos o que já tínhamos na ideia, de que a cada 9 anos é o tempo usado para extrair a cortiça.
Uma curiosidade interessante, será outra forma de rendimento da herdade, os criadores de porcos pretos, levam os animais para a herdade para se alimentar de bolota e por cada aumento de peso a herdade é remunerada por isso, sem grandes trabalhos e só contando os animais diariamente e deixando os á vontade.
Neste caso, é – nos explicado que a bolota das azinheiras é mais nutritiva que os sobreiros uma vez que os sobreiros ficam enfraquecidos com a perda de cortiça.
Após visita pelo montado e termos feito uma pausa junto ao poço da herdade para bebermos uma agua fresca e bastante retemperadora, através dum cucharro emblemático no Alentejo, começamos a ficar curiosos, mas onde estão as vinhas …
O José Inverno, bem disposto, diz nos para ter calma e então começamos a viagem a caminho já com grande curiosidade, uma vez que não sabíamos por exemplo que a Herdade da Maroteira não tinha adega própria.
A maroteira não tem adega, encontra-se a terminar uma nova no Redondo, até agora faz os vinhos na adega da fita preta cujo dono é o António Maçanita, o enólogo da Herdade da Maroteira. Este em 2004 sabendo que as uvas iriam ser vendidas a granel, como eram até ai, chegaram a ser para a herdade do Esporão por exemplo, pediu para fazer analises e agradado com os resultados, disse ao Philip Mollet, produtor da Herdade, que se ele não fizesse investimento a fazer o seu próprio vinho ele próprio estaria disposto a comprar as vinhas e faria ele o vinho. Dai a aposta de Philip Mollet, e foi assim que saiu o Cem Reis Tinto Reserva em 2005.
As vinhas foram inicialmente plantadas no ano de 2000, tendo se plantado 2 hectares de Syrah , nomeadamente uma parcela usada para o vinho emblemático desta casa, o Cem Reis, depois em 2003, surgiu a casta, Aragonez , Alicante Boschet e Touriga Nacional, constituindo-se ao todo 14, 5 hectares de vinha.
O Vinho de Touriga Nacional com vinha em Evoramonte é uma parceria com o juiz holandes de Evoramonte.
Existem também outras vinhas , Vognier, Antão Vaz , Arinto, em Montemor, arrendadas ou compradas. Há pouco tempo plantou se mais 3 hectares de Alicante bouschet.
A nível de produção, o dez tostões tem cerca de 60 000 garrafas, o cem reis 12000 a 15000 e este ano de 2016, teve cerca de 10000.
Nas vinhas impera o método de sequeiro, as vinhas não são regadas o que leva a raízes mais profundas a procura de agua.
No que diz respeito ao Cem Reis, este resulta da junção da vinha do Syrah mais antiga, granítica, rochosa, com a outra parcela, mais arenosa que lhe dá uma acidez diferente. O Mil Reis colheita de 2013, nasceu da vinha mais antiga.
E pronto, finalmente, saciamos a curiosidade em relação ás vinhas e chega a hora de voltar, sendo que já nos desperta apetite para o almoço, no Restaurante Serra de Óssea, na Aldeia da Serra, com a degustação dos vinhos da herdade, simpaticamente oferecidos por Anthony Doody.
Notas finais:
- Excelente fim de tarde, num dia de Julho, um pouco atípico no Alentejo, não muito calor, na ordem dos 25 graus, excelente para um passeio na Herdade.
- Surpresa geral, a herdade não tem adega própria no momento e nos terrenos desta, estando a ser ultimada a nova e própria adega no Redondo.
- Simpatia de José Inverno, muito comunicativo, fez esquecer um pouco de desalento por não termos a presença de Anthony Doody, ao qual queríamos fazer a entrevista habitual dos parceiros.
- Fim da visita á Herdade, com a panorâmica do alojamento e piscina integrada que nos deixa com a certeza de ser um local muito aprazível não só para provar excelentes vinhos mas passar também uns belos dias de férias.
W4P (JUL 2018)
