Jantar da Garrafeira Néctar das Avenidas c/ Luís Seabra

by | Dez 7, 2017 | Vinho | 0 comments

A Garrafeira Néctar das Avenidas está quase a celebrar o seu 6º aniversário (parece que foi ontem), e desde cedo que resolveu promover este tipo de jantares, sempre com casa cheia. Desta vez foi no Restaurante Comendador Silva (R. Latino Coelho 50, Lisboa), e a comida esteve à altura.

Luis Seabra é um nome bem conhecido dos enófilos. Fez carreira na Niepoort, mas como ele mesmo disse, “chega uma altura em que queremos fazer coisas diferentes, seguir o nosso próprio rumo” … E assim foi. Arrendou umas vinhas velhas na zona da Meda (e mais tarde na zona do Pinhão e em Melgaço), quase na fronteira com a região das Beiras, e desde a colheita de 2013, que Luis Seabra tem a sua própria marca: Xisto Cru (branco e tinto). Depois surgiu o Granito Cru, e os Xistos Ilimitados.

Já tinha provado estes vinhos anteriormente, mas nunca num contexto de jantar, com as respectivas harmonizações. E a sensação final é a mesma que tinha antes do jantar: são vinhos diferentes do que se poderia esperar de vinhos do Douro: nada de vinhos redondos, florais, frutados… São vinhos frescos e com baixo teor alcoólico (12-12,5% vol.) … Mas são vinhos, em minha opinião, demasiado crus.

Xisto Ilimitado Branco 2016

Acompanhou (e bem) um aveludado de mexilhão… Foi dos vinhos mais consensuais da noite. Feito de vinhas velhas com 50 anos, com predominio de Rabigato. O aroma denota frescura e é agradável. Na boca não é um vinho leve, mas também não é pesado. E é fresco e saboroso, embora com um final cru e seco. Para o preço, é um belo vinho.
Preço: 12 euros

  • 16,5 Valores

Granito Cru Alvarinho Branco 2015

Esqueçam tudo o que sabem sobre alvarinhos. Este é um alvarinho totalmente fora do convencional. Luis Seabra diz que prefere salientar a mineralidade da casta, em detrimento da flor e da fruta. Assim, deixa estagiar o vinho em cuba 1 ano, sem adição de sulfuroso. Resultado: temos um vinho ligeiramente oxidado (o que se nota logo na cor e no aroma), gordo, nada floral, claramente mineral e untuoso. Se é melhor que os alvarinhos convencionais? Impossível de comparar. Não tem nada a ver. Eu pessoalmente, não fico impressionado. A harmonização com polvo e batata doce é que foi excelente.
Preço: 18 euros

  • 16 Valores

Xisto Ilimitado Tinto 2015

Os Xistos Ilimitados são vinhos de gama mais baixa, o que não quer dizer que não provenham de vinhas velhas, estas da zona do Pinhão. Este tinto é mesmo demasiado cru. Faz lembrar um vinho difícil da Bairrada, bom para acompanhar lampreia… Um vinho agreste que não gostei mesmo nada. Aliás, na minha mesa, ninguém gostou.
Preço: 12 euros

  • 12,5 Valores

Xisto Cru 2014

Proveniente de vinhas muito velhas (mais de 100 anos) da zona da Meda, com 500-700 metros de altitude. É um vinho cru, mas com alguma finesse. Parece um contrasenso, mas só provando se pode perceber o que estou a dizer. Aroma agradável, na boca é denso, saboroso, embora o final denote aquela crueza e secura… É um vinho para guardar, mas acompanhou bem o pato confitado. Muito gastronómico.
Preço: 32 euros

  • 16,5 Valores

Xisto Cru Branco 2015

Mais uma vez proveniente de uma vinha velha a 700m de altitude, na região da Meda, com predominio de Rabigato. Aroma muito discreto. Na boca é muito untuoso e encorpado, talvez demasiado. Apesar da crueza, quando a temperatura baixa um bocadinho, torna-se um pouco enjoativo. Sem dúvida, um vinho diferente e que acompanha pratos mais fortes (neste caso foi um um queijo gratinado com pão de milho).
Preço: 27 euros

  • 16 Valores

Como Luis Seabra não produz vinho do Porto, o jantar terminou com um pudim abade de Priscos, acompanhado por um LBV da Quinta do Sagrado 2010: um LBV muito intenso, com muita fruta e muita potência, e muito sabor. Apenas por 16 euros, com certeza que faria a delícia de qualquer turista.

  • 16,5 Valores
NOTA FINAL:

Em jeito de conclusão, volto a salientar que estes vinhos são vinhos muito diferentes. Talvez as pessoas e os enófilos não estejam ainda preparados para eles. Na minha mesa (mais 4 pessoas) ninguém saiu convencido. O que gostaram mais foi o primeiro. Talvez Luis Seabra tenha de dar o braço a torcer, e os cifrões o venham a obrigar a fazer um vinho mais convencional (que ele tão bem sabe fazer), de forma a que possa continuar a fazer estes vinhos que tanto gosta. Em minha opinião, vale a pena conhecê-los! São uma curiosidade, um nicho… Mas continuo a dizer: são demasiado crus!

P.F. (NOV 2017)

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